Um Dos Maiores Tabus Das Mulheres Mães…


Talvez um dos maiores tabus das Mulheres Mães...
…seja estarem cansadas dos filhos…
Tudo começa numa ideia social e colectivamente aceite de que ser mãe é ficar escravizada para sempre aos filhos, de que ser mãe é deixar de ser pessoa, para se estar em estado de alerta 24/24 e 365/365.Esta ideia cresce a partir da era industrial em que as migrações para as cidades foram em massa, desertificando aldeias e desmembrando comunidades, pondo todo o peso da criação dos filhos nas mulheres, que começaram a ficar sozinhas – os homens iam para a guerra ou trabalhar, ou a sentirem-se sozinhas, porque quando os companheiros regressavam, só queriam descansar; endeusou-se o papel de mãe; Mãe é um arquétipo multiplicado em vários tipos: A Mãe Boa, a Mãe Má, a Mãe Vampira, a Mãe Companheira, a Mãe Bruxa…
Antes do século XX, o papel de mãe era dividido nas tribos, aldeias e comunidades, com outras mulheres e mães, e assim não sentiam o desgaste e a exaustão de se querer ser a “Mãe Perfeita”.
Sempre fomos uma sociedade matriarcal, apesar de fingirmos que são os homens que comandam; hoje em dia o papel de mãe está desgastado e bolorento; as mulheres querem “agarrar” a imagem da perfeição e não se adaptaram; muitas delas (muitas mesmo)têm relutância em pedir ajuda, e ou “acham” que os companheiros nunca estão à altura, que trocam tudo ou fazem tudo imperfeito, ou que se pedirem ajuda a familiares ou amigos,aqueles vão pensar que são “más mães”; acham-se insubstituíveis nas suas funções, e tão perdidas que ficam no “fazer” que se distanciam do SER (serem mais afectivas e menos funcionais); não escrevo sobre as “mães patológicas” (obsessivas, paranóicas ou controladoras). Estou a escrever sobre as Mães que querem fazer parte da “normalidade”!

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Não criam espaço para o SER que são, para a pessoa que são na sua natureza animal e emocional. Tornaram-se mães amargas, ressentidas, perdidas e confusas entre papéis domésticos e profissionais e por isso muitas vezes o seu segredo mais íntimo e recalcado é arrependerem-se de terem tido filhos… e não contam isto nem à própria sombra, e quando estes sentimentos e pensamentos aparecem no desespero, encafuam-no de novo nas caves da psique! Erro crasso!... isso vai continuar lá até ser encarado e resolvido: Alterar-se o conceito de MÃE  e adaptarem-se à realidade que vivem, desistindo de esperar que seja a realidade a mudar para se encaixar no que elas querem.
Escrevo tudo isto, porque testemunho vezes sem conta esta aflição em dezenas de mulheres-mães que me procuram em psicoterapia; claro que este submundo não é a primeira queixa nem o primeiro sintoma; as queixas aparecem com quadros depressivos, de desnutrição afectiva e solidão existencial, e um dos primeiros passos é pôr este tipo de pensamentos e sentimentos na consciência, à luz do dia, para ser entendido e trabalhado e o que acontece é que se tornam em pensamentos orientadores e pacíficos: encontrar o seu espaço interno e externo para ser pessoa, que já existia antes de se ser mãe.

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Deixo aqui algumas das orientações práticas que costumo dar às minhas pacientes:
1 – Retome uma actividade que adorava, antes de ter tido filhos
2 – Semanalmente crie um espaço (em casa ou noutro sítio) onde possa estar sozinha sem ninguém que a solicite, ou com uma amiga, com quem possa ter conversas leves, quiçá até fúteis, aquelas conversas que são “coisa de mulheres”
3 – Exponha regras e limites no seu tempo em casa, para não ser perturbada nem interrompidas de x em x minutos pelas “crias”
4 – Encontre grupos de mulheres que se reúnam para partilharem experiências e saberes, que se apoiem mutuamente; se não encontrar nenhum grupo perto da sua residência ou local de trabalho…crie um!
5 – Pense na possibilidade de escolher uma Mentora em assuntos de Parentalidade Responsável: alguém mais velha que a possa orientar em encontros periódicos, nas suas dúvidas e questões

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Como trabalho interior, recomendo que:
a) Reveja crenças obsoletas da sua família quanto ao tema Maternidade e exercício da Maternidade
b) Desafie essas crenças e ponha-as em causa se ainda fazem sentido na realidade em que vive
c) Desista de ter vergonha de pensar e sentir que precisa de estar “consigo mesma”, sem solicitações permanentes
d) Cuide das suas emoções e do seu bem estar, tendo consciência de que é impossível “passar” serenidade e alegria quando se está ressentida e exausta
e) Lembre-se de que antes de ser mãe e cuidadora de família, você é PESSOA e que há necessidades básicas de equilíbrio, que só você pode dar a si própria.
Deixe-me saber o que pensa sobre este tema tão “delicado” que é o desgaste de se ser mãe, assim como se tem alguma “ferramenta” extra que me possa indicar.

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